Powered By Blogger

terça-feira, 20 de julho de 2010

A CONSTRUÇÃO DE UMA ESCOLA INCLUSIVA


O mundo vive a era da globalização, ou pode-se até dizer da pós-globalização, a cada dia que se passa mais e mais teorias são criadas e velhas são derrubadas, descobertas, lançamentos, mudanças ocorrem no clima, na política, na sociedade, no convívio das pessoas e mais particularmente na forma como se vê o mundo e como ele nos vê.


Todas essas transformações supra citadas são importantes e necessárias, afinal tudo está em constante evolução. O problema que ocorre é que junto com todas essas transformações, globalização, correria, acabou-se por esquecer certos valores indispensáveis à vida dos cidadãos. Muita coisa evoluiu, mas às vezes o básico foi esquecido, direitos como: todos terem condições para ter uma vida digna, de qualidade em todos seus aspectos,... Tudo isso ficou para um segundo plano, as desigualdades e injustiças sociais cresceram assustadoramente.

O discurso político é muito bonito em época de eleições, dizendo que as crianças são o futuro do mundo, do Brasil, lindo, maravilhoso, se realmente políticas fossem desenvolvidas a promover isso de verdade. Elas são o futuro sim, mas também são o presente, para se construir um futuro feliz é preciso começar a caminhar desde o presente tendo apoio em todos os seus aspectos.

Outro “jargão” que se criou “é de que tudo começa na escola”, realmente isso não deixa de ser verdadeiro, mas a família é à base de tudo, em segundo lugar, a escola é exatamente o local mais apropriado para aquisição de conhecimento e construção de consciência crítica, de se desenvolver a percepção mnemônica, o raciocínio lógico, o desejo de mudança, enfim, a construção do sujeito cidadão. Bem, se os principais objetivos das escolas são esses, como se pode admitir a existência de escolas excludentes?

Mas afinal, o que se entende por uma escola inclusiva? Será aquela que tem uma sala de recursos (tipo DA -deficiente auditivo - ou DV – deficiente visual), ou ainda é aquela que tem alunos cadeirantes, com síndromes,... Estudando nas classes comuns, será que essas são escolas realmente inclusivas?

A princípio, em um primeiro olhar, poder-se-ia dizer que sim. São escolas inclusivas. Mas pergunta-se: será que realmente essas unidades escolares não segregam e excluem essas crianças com deficiências de alguma forma? Não basta aceitar as pessoas com necessidades especiais, a unidade escolar precisa de toda uma estrutura adaptada para atendê-las: precisa de professores capacitados, requer profissionais para apoio pedagógico, médico, psicólogo, estrutura física e pedagógica diferenciados, enfim uma gama de profissionais e atendimentos são necessários.

Como tão bem salienta Aranha, 2004:

“Assim, uma escola somente poderá ser considerada inclusiva quando estiver organizada para favorecer a cada aluno, independentemente de etnia, sexo, idade, deficiência, condição social ou qualquer outra situação. Um ensino significativo, é aquele que garante o acesso ao conjunto sistematizado de conhecimentos como recursos a serem mobilizados”.

Construir uma escola inclusiva, não é assim tão fácil precisa dos principais ingredientes da receita: vontade de que as coisas realmente aconteçam, perseverança, fé, entusiasmo, superação, não pode haver nenhum tipo de discriminação ou preconceito, entre outros ingredientes, resumindo, precisa-se ter vontade, é querer, é acreditar que pode dar certo e o mais importante ter consciência de que muito já se está sendo feito mais ainda é pouco, existe grande distância entre o real e o ideal, é perceber que se irá errar muitas vezes e fracassar, mas é ter coragem para reconhecer que errou e seguir em frente. Pois como já dizia Paulo Freire “Todos nós sabemos alguma coisa, todos nós ignoramos alguma coisa, por isso aprendemos sempre”. Todos possuem limitações, ninguém é perfeito.

Segundo Mantoan apud Gil, 1997:

“A inclusão causa uma mudança de perspectiva educacional, pois não se limita a ajudar somente os alunos que apresentam dificuldades na escola, mas apóia a todos: professores, alunos, pessoal administrativo, para que obtenham sucesso na corrente educativa geral”.

A luta em se ter uma escola inclusiva de verdade é grande, de nada adianta colocar a criança especial dentro de uma classe comum, se a deixarem segregada, exclusa, vegetando em sala de aula. A pessoa com deficiência tem que sentir-se valorizada, importante, inteligente, capaz igual aos demais estudantes. Cada um possui limites, até os “ditos normais” também possuem, o que o professor não pode é enfatizar a limitação das pessoas e sim mostrar-lhes que são capazes de evoluir sempre, que cada conquista não é o ponto final, é apenas o estímulo para buscar cada vez mais.

O professor que enfatiza o fracasso da outra pessoa, que é indiferente, não pode ser chamado de educador. Não se deseja de forma alguma, dizer que ser professor é fácil ou de que ter crianças totalmente diversas e com necessidades especiais em sala é tranqüilo fácil de trabalhar, que todos sabem lidar perfeitamente, não é isso. Mas o que não se pode aceitar é o docente que se deixa abater diante das dificuldades, que não busca ajuda, esse sim é um fracassado, pois prefere o erro (e muitas vezes bitolar e acabar com a vida de uma criança) do que ter a humildade de pedir ajuda.

A vontade de vencer deve ser maior que o medo de fracassar. Ninguém vence sozinho. Ninguém nasce sabendo as coisas, tudo se aprende e não se deve nunca perder a esperança, confiança e tranqüilidade, bem como já dizia Che Guevara “Tenemos que ser fuertes, pero jamais perder la ternura”

Segundo Aranha, 2004:

“Escola inclusiva é, aquela que garante a qualidade de ensino educacional a cada um de seus alunos, reconhecendo e respeitando a diversidade e respondendo a cada um de acordo com suas potencialidades e necessidades”

Na verdade, a escola que inclui é aquela que além de oferecer o acesso das crianças portadoras de necessidades especiais e de outras pessoas que de alguma forma sofrem algum preconceito (índio, negro, o estrangeiro, etc.), é aquela que garante a permanência e o sucesso dos alunos. Isso é um desafio constante a todos.

A construção de uma escola inclusiva de sucesso, só pode ocorrer se anteriormente existir educação, sociedade, família, mentes inclusivas, caso contrário o que se aprende e constrói na escola pode ser perdido com facilidade nos demais ambientes de convívio social, porque “O que nos faz semelhantes ou mais humanos são as diferenças" (GOMES, Nilma Lino) http://www.ensinoafrobrasil.org.br/portal/

O sucesso de toda escola só acontece quando há a participação e a integração de todos os envolvidos no processo educacional: docentes, direção, orientação, pais, alunos, políticos empenhados, e toda a comunidade em geral. Para nortear esses trabalhos faz-se necessário ter objetivos bem claros, políticas públicas definidas e acessíveis, projeto político pedagógico que condiz com a realidade, fundamentação teórica relacionada com a prática (materialismo dialético), pois “Ensinar exige risco, aceitação do novo e rejeição a qualquer forma de rejeição” www.portoalegre.rs.gov.br./smed)

O processo de avaliação deverá ser todo reformulado também, ao se lidar com crianças com deficiências, não se pode julgar todos iguais, cada qual tem seus talentos, suas habilidades e capacidades próprias; e trabalhá-las, desenvolvê-las é o mais importante do que um simples número que restringe, bitola e constrange uma pessoa.

A legislação é bem clara quando relata que se deve oferecer estudo gratuito a todas as crianças de 0 a 14 anos, mas o que ocorre muitas vezes é os pais (principalmente de pessoas com necessidades especiais) não saberem disso, de que tem o direito de colocar seus filhos na escola. Cabe não só aos pais a responsabilidade de procurar matrícula, mas também da escola e da comunidade, reconhecer e ir à busca dessas crianças e levá-las a escola.

Conforme Aranha (2004) pontua:

“Quando a família dispõe de meios efetivos de participação ativa e regular na vida da escola, gradativamente constrói a consciência de que a escola é um bem público que também é seu”

A avaliação (já citada), bem como, a proposta pedagógica deve ser estudada, reinventada, deve haver flexões curriculares para atender todo o público escolar.

Enfim, uma escola inclusiva ideal requer muitas coisas, segundo Aranha (2004) pensa:

“A escola que pretende ser inclusiva deve se planejar para gradativamente implementar as adequações necessárias, para garantir o acesso de alunos com necessidades educacionais especiais à aprendizagem e ao conhecimento."

Para a construção de uma escola inclusiva, primeiramente é importante que o município tenha elaborado e em funcionamento o Plano Municipal de Educação, pois sem planejamento é praticamente impossível estabelecer prioridades e necessidades reais do município e das escolas.

Para Aranha, 2004:

“O Plano Municipal de Educação, portanto, deve ser um instrumento construído coletivamente, a partir da ampla consulta à população em geral, e à comunidade acadêmica, em particular. Deve ser avaliado continuamente, reajustado e divulgado, à medida que avanços ocorram no alcance das..."

O Plano Municipal de Educação deve ter por base o Plano Nacional e Estadual de Educação, só a partir dos conhecimentos destes, que o do município pode ser construído. Cada cidade tem até o ano de 2010 para ter seu Plano Municipal de Educação elaborado.

Com este Plano maior e melhores ações podem ser planejadas, prevenidas, desenvolvidas. O município terá todo um levantamento da real situação da educação na cidade. Segue a seguir algumas informações que o município poderá obter com o Plano: mapeamento das crianças de 0 a 14 anos freqüentando ou não a escola, informações sobre alunos com necessidades especiais nesta faixa etária, quais adequações físicas ainda são necessárias nas escolas, qual o apoio técnico e pedagógico que os professores recebem programa de formação continuada para professores, processo de avaliação, entre outros.

Percebe-se que não é tarefa fácil construir e colocar em prática uma escola inclusiva. Muitas unidades escolares apenas integram os alunos com deficiência, mas isso não é ser uma escola inclusiva. A inclusão requer muito mais. A verdadeira inclusão só ocorre quando se consegue remover todas as barreiras existentes: preconceitos, pré-conceitos, medo, comodismo,...

A escola inclusiva quer acabar com os rótulos de que a criança com deficiência necessita de uma escola paternalista, assistencial, que as trate como incapazes ou limitados.

Sobre isso, Monte e Santos (2004) dizem que:

“A inclusão está fundada na dimensão humana e sociocultural que procura enfatizar formas de interação positivas, possibilidades, apoio às dificuldades e acolhimento das necessidades dessas pessoas, tendo como ponto de partida a escuta dos alunos, pais e comunidade escolar”.

“A pedagogia adotada na escola inclusiva deve ser a pedagogia voltada à criança como um todo. A escola deve buscar refletir sobre sua prática, questionar seu projeto pedagógico e verificar se ele está voltado para diversidade”

Percebe-se que aqui não se está falando em tratar as crianças como diferentes, melhores ou piores umas que as outras, mas sim da necessidade da escola conhecer a diversidade com que trabalha para que realmente possa desenvolver um bom trabalho, que atinja a todos, sem ser excludente. Também não se deseja a uniformização das crianças, ou seja, que sejam todas consideradas iguais, pois cada ser é uno, e merece ser tratado como ser especial, realmente único como é. Nesse processo objetiva-se apenas a inclusão de todos, e esta deve ocorrer não só na escola mas em toda a vida social da pessoa.

Assim, Gil (1997) comenta:

“É importante que o professor e toda a comunidade escolar (diretor, funcionários, alunos) se lembrem de que todo aluno pode, a seu modo e respeitando seu tempo, beneficiar-se de programas educacionais, desde que tenha oportunidades adequadas para desenvolver sua potencialidade”.




Graziela Alves - Licenciada em Letras (Português/Inglês) pela Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI e Pós-Graduada em Práticas Pedagógicas Inovadoras com Enfoques Multidisciplinares no Ensino Fundamental e Médio pela Faculdade de Educação de Joinville - FEJ e Secretária Administrativa da Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Esporte de São João Batista.
Disponível em: < http://www.profala.com/arteducesp103.htm > Acesso em: 20 de Jul. 2010.

Mídia e Educação - Educomunicação




O que é?

Mídia = todo suporte de difusão da informação que constitui um meio intermediário de expressão capaz de transmitir mensagens.
+
Educação = aplicação dos métodos próprios para assegurar a formação e o desenvolvimento físico, intelectual e moral de um ser humano; pedagogia, didática, ensino.
Fonte: Dicionário Houaiss

A educomunicação é a inter-relação entre a comunicação e a educação. No processo de educação pela comunicação, a criança e o jovem experimentam a participação ativa na produção dos produtos em comunicação, o desafio de se negociar e encontrar caminhos que viabilizem a construção coletiva, a reflexão realidade e a percepção da possibilidade de intervirem positivamente na realidade.






Por que utilizar?

A criança e o adolescente aprendem quando se vêem instigados e interessados pelo assunto e partem para a pesquisa, elaboração e produção próprias. Assim, eles desenvolvem habilidades que antes não tinham a oportunidade de desenvolver, devido ao ambiente escolar restrito à convencional sala de aula.

Destas práticas são a produzidos fanzines e jornais, fotografias, vídeos, jornal-mural, rádio-escola, sites em processos educativos e muitos outros materiais em comunicação. As crianças e jovens participam de um caminho pelo conhecimento muito mais completo e criativo.

A relação entre a comunicação e a educação estimula crianças, adolescentes e educadores a utilizarem a mídia como instrumento de mobilização e crítica social. Ao proporcionar um ambiente em que os jovens estão à frente dos processos de pensar e produzir comunicação, estas crianças e jovens são sensibilizados a tomarem consciência de sua realidade social e a agirem como cidadãos pensantes e ativos, capazes de dialogar com sua própria realidade - além de aguçar a crítica aos meios de comunicação.

Mas o objetivo principal dessas atividades é contribuir significativamente no processo de construção da cidadania, do exercício de direitos e deveres e de uma sociedade mais justa - a partir do exercício do direito à expressão e à comunicação.


Art. 220 - A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.
Constituição Federal de 1988

Onde acontece?

Os processos de educomunicação são difundidos, no Brasil, por instituições de ensino e pesquisa, iniciativas da sociedade civil, órgãos governamentais e empresas da área de comunicação.
Projetos como o Educom Rádio, do Núcleo de Comunicação e Educação da ECA/USP, o Lata Net, da organização não-governamental Oficina de Imagens, de Belo Horizonte (MG), e o Comunicação e Cultura, de Fortaleza (CE), são exemplos expressivos de como a mídia pode ser usada nos processos de educação e mobilização social. Conheça mais as experiências em educomunicação em Iniciativas.

No Paraná, a Ciranda - Central de Notícias dos Direitos da Infância e Adolescência criou o Núcleo de Comunicação e Educação, que atualmente é responsável por vários projetos que inter-relacionam a comunicação e a educação, como o Luz, Câmera, Paz, o Navegando nos Direitos e o Catavento, além de outras ações de mobilização que têm o objetivo de difundir as práticas de educomunicação no estado.

E o site Mídia e Educação?

O Site Mídia e Educação é um espaço para a divulgação de experiências de educamunicação desenvolvidas em todo o país. Aqui, o educador, crianças e jovens relatam e apresentam os produtos (jornal,vídeo, fotografia, revista, jornal-mural, etc) em que utilizaram a comunicação como ferramenta educacional.

O que vale aqui é o relato da experiência pela voz do próprio educador - para que a experiência de praticar educamunicação por um educador de escola do nordeste brasileiro sirva de exemplo e estímulo a um educador de escola do sul do país. Com esta troca os educadores, formais ou informais, compartilharem conhecimentos e realidades. O site é todo construído pelos educadores, seja pela publicação de artigos, de propostas de atividades de educomunicação, pela divulgação de notícias de iniciativas desenvolvidas com crianças e jovens.

Educador - se sinta a vontade, este espaço é seu.


Disponivel em: < conteudo="midia-educacao.html">. Acesso em: 20 de Jul. 2010.